O documentário “Nas Terras do Bem-Virá” explora a realidade da região amazônica no meio rural, abordando uma infinidade de questões polêmicas, como: os conflitos agrários, o bandoleirismo, a “caça às bruxas” promovida contra os militantes dos Direitos Humanos e de movimentos sociais – a exemplo da missionária Dorothy Stang – a grilagem de terras, o trabalho escravo, etc.
Sem abusar de clichês ou “endeusar” seus “personagens” (personagens esses feitos de carne, osso e, principalmente, sonhos), o longa metragem mostra a trajetória de trabalhadores que nutrem o sonho de chegar na terra do “bem-virá”, a Amazônia, e fazer dela seu sustento e sua morada. Entretanto, quando finalmente chegam, se deparam com a desilusão em face da falta de um trabalho digno e bem remunerado.
O filme vale-se de histórias reais de ex-trabalhadores escravos resgatados pela Delegacia Regional do Trabalho – DRT, bem como relatos daqueles que morreram tentando fugir e dos que tentaram denunciar o tratamento desumano que lhes foi dado pelo empregador.
Além disso, o diretor não se escusou de mostrar o funcionamento do círculo de corrupção e cooptação de trabalhadores a serem levados para as fazendas.
O caso do assassinato de Dorothy Stang, também é tratadono documentário. A missionária, que se contrapôs aos interesses de grandes latifundiários, lutou pela implantação e permanência de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável - PDS para que famílias de agricultores em Anapu pudessem garantir sua subsistência com a utilização sustentável dos recursos naturais.
O descaso do Estado com toda essa realidade problemática da região é evidenciada com o julgamento do Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, no mês de maio de 2008, no qual o Júri Popular absolveu um possível mandante de tal homicídio. Tanto que o lançamento do documentário foi reservado especialmente à época do primeiro julgamento dos acusados, entre 22 e 24 de novembro de 2007, pelo assassinato da irmã Dorothy no Tribunal para promover a mobilização social de entidades de direitos humanos, movimentos sociais e demais entes da sociedade civil organizada.
Há ainda uma interessante abordagem sobre o Massacre de Eldorado de Carajás, o confronto de militantes do Movimento de trabalhadores rurais sem terra com a polícia do Estado do Pará em 1996. Revelando, para quem ainda acreditava na “versão” contada pelos policiais participantes do massacre, que houve uma manipulação da mídia ao editar o vídeo que gravou as imagens do massacre. Chega-se à conclusão da ocorrência de verdadeiro “ataque” promovido pela Polícia aos militantes do MST, o que gerou revide por conseguinte, as mortes.
Tatiana Polastri e Alexandre Rampazzo, apesar de viverem em uma realidade completamente diferente, ousaram mostrar algo que estava fora de tudo aquilo que conheciam, fazendo com que se entenda que os problemas do campo na região Norte e Nordeste estão fincados em uma estrutura macro que perpassa pela “evolução” das políticas de desenvolvimento e ocupação criadas Amazônia da década de 70 até hoje. Tais políticas foram determinantes para a instalação do que poderia se denominar de “caos social” instalado no campo da região amazônica.
O documentário, ao mesclar imagens “fortes” com os depoimentos enraizados de sentimentos verdadeiros de seus personagens, provoca sensações de indignação, repúdio, espanto a quem assiste, sobretudo aqueles que moram em centros urbanos e estão um tanto distanciados dessa realidade.
O grande trunfo da dupla de diretores foi de mostrar cada tema do documentário com a divergência de opiniões dos agentes diretamente ligados à temática. Como por exemplo, a justificativa de grandes fazendeiros para a manutenção de seus latifundiários e a utilização de trabalho escravo em suas propriedades ultrapassa o cúmulo do risível à perplexidade.
Longe de ser mais um documentário para causar “choque” e logo cair no esquecimento, este documentário parece ter o intuito de uma propor uma reflexão mais profunda da estrutura que sustenta essa situação desses problemas sociais no meio rural, do que análise artificial dos efeitos desses problemas sociais no meio rural.
Sem abusar de clichês ou “endeusar” seus “personagens” (personagens esses feitos de carne, osso e, principalmente, sonhos), o longa metragem mostra a trajetória de trabalhadores que nutrem o sonho de chegar na terra do “bem-virá”, a Amazônia, e fazer dela seu sustento e sua morada. Entretanto, quando finalmente chegam, se deparam com a desilusão em face da falta de um trabalho digno e bem remunerado.
O filme vale-se de histórias reais de ex-trabalhadores escravos resgatados pela Delegacia Regional do Trabalho – DRT, bem como relatos daqueles que morreram tentando fugir e dos que tentaram denunciar o tratamento desumano que lhes foi dado pelo empregador.
Além disso, o diretor não se escusou de mostrar o funcionamento do círculo de corrupção e cooptação de trabalhadores a serem levados para as fazendas.
O caso do assassinato de Dorothy Stang, também é tratadono documentário. A missionária, que se contrapôs aos interesses de grandes latifundiários, lutou pela implantação e permanência de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável - PDS para que famílias de agricultores em Anapu pudessem garantir sua subsistência com a utilização sustentável dos recursos naturais.
O descaso do Estado com toda essa realidade problemática da região é evidenciada com o julgamento do Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, no mês de maio de 2008, no qual o Júri Popular absolveu um possível mandante de tal homicídio. Tanto que o lançamento do documentário foi reservado especialmente à época do primeiro julgamento dos acusados, entre 22 e 24 de novembro de 2007, pelo assassinato da irmã Dorothy no Tribunal para promover a mobilização social de entidades de direitos humanos, movimentos sociais e demais entes da sociedade civil organizada.
Há ainda uma interessante abordagem sobre o Massacre de Eldorado de Carajás, o confronto de militantes do Movimento de trabalhadores rurais sem terra com a polícia do Estado do Pará em 1996. Revelando, para quem ainda acreditava na “versão” contada pelos policiais participantes do massacre, que houve uma manipulação da mídia ao editar o vídeo que gravou as imagens do massacre. Chega-se à conclusão da ocorrência de verdadeiro “ataque” promovido pela Polícia aos militantes do MST, o que gerou revide por conseguinte, as mortes.
Tatiana Polastri e Alexandre Rampazzo, apesar de viverem em uma realidade completamente diferente, ousaram mostrar algo que estava fora de tudo aquilo que conheciam, fazendo com que se entenda que os problemas do campo na região Norte e Nordeste estão fincados em uma estrutura macro que perpassa pela “evolução” das políticas de desenvolvimento e ocupação criadas Amazônia da década de 70 até hoje. Tais políticas foram determinantes para a instalação do que poderia se denominar de “caos social” instalado no campo da região amazônica.
O documentário, ao mesclar imagens “fortes” com os depoimentos enraizados de sentimentos verdadeiros de seus personagens, provoca sensações de indignação, repúdio, espanto a quem assiste, sobretudo aqueles que moram em centros urbanos e estão um tanto distanciados dessa realidade.
O grande trunfo da dupla de diretores foi de mostrar cada tema do documentário com a divergência de opiniões dos agentes diretamente ligados à temática. Como por exemplo, a justificativa de grandes fazendeiros para a manutenção de seus latifundiários e a utilização de trabalho escravo em suas propriedades ultrapassa o cúmulo do risível à perplexidade.
Longe de ser mais um documentário para causar “choque” e logo cair no esquecimento, este documentário parece ter o intuito de uma propor uma reflexão mais profunda da estrutura que sustenta essa situação desses problemas sociais no meio rural, do que análise artificial dos efeitos desses problemas sociais no meio rural.